quarta-feira, 2 de maio de 2012

27.04.2012 – Rishikesh

Antes do amanhecer estávamos todos acordados e por volta das 4 da matina, o trem finalmente chegou em Haridwar assim encerrando a pior viagem de trem que já fiz na vida hehehe mas a mais louca também!
Eu e Inci saímos da estação a procura de taxi e em um posto policial, Inci se informou e garantimos o nosso taxi para Rishikesh, e assim atravessamos o momento mais escuro da noite pelas estradas que levavam á saudosa Rishikesh.
Um pouco sobre esta cidade, ela está a beira do Ghanges (porém a cidade está fixada no local em que o rio sai das montanhas, então sua água é límpida e geladíssima), e ela é um centro espiritual onde se concentram muitos gurus e ashrams além de ser a capital mundial do yoga. Ficou mundialmente famosa, quando os Beatles nos anos 60 no auge do sucesso deram uma pausa na carreira e se instalaram em um ashram na cidade, junto ao quarteto ainda tinha artistas do quilate de Brian Wilson (vocalista dos Beach Boys) e Mia Farrow (aquela atriz que foi casada com o Woody Allen) e após esta experiência “transcendental” por aqui o estilo rítmico do grupo inglês mudou e logo veio o álbum Sgt Peppers considerado pela maioria dos críticos como o álbum mais importante da história do rock.
Enfim... Rishikesh! O taxi nos deixou em uma ruela e nos indicou a direção por onde deveríamos caminhar até a ponte, e no limiar da primeira luz do dia, fomos andando até chegar a esta ponte. Inci, que é praticante de yoga procuraria mais tarde um ashram para se hospedar e a principio gostaríamos apenas de um hotel para descansar.
Atravessamos as pontes e andamos pelas ruas ainda escuras da cidade, buscando nos orientar pois sabíamos que estávamos na região dos ashrams da cidade mas agora precisávamos era de uma guesthouse, nesse caminho achamos uma placa e assim fomos seguindo e já era praticamente dia quando chegamos na porta de um local chamado Pink Guest House, perguntamos o preço e só com um OK nos dirigimos á quarto que dividimos.
Dormimos cerca de 4h e logo acordamos para caçar ashrams e hotéis. E assim saímos na pernada, na luz do dia, que diferença! Rishikesh têm uma alma própria e um espirito vibrante, mais tarde volta a comentar sobre isso. Voltando á caça aos ashrams para Inci passamos em uns 3, inclusive um que é magnifico e todos LOTADOS. Ok, agora caiu a ficha e que você pode estar se perguntando “o que cargas d’água é um bendito ‘ashram’?”, mas suas duvidas acabaram porque eeeeeeu te explico.
Um ashram é uma mistura de templo, pensão, pousada e escola de yoga. Imagine um enorme jardim com quartos voltados para eles, é um local para peregrinos (independente da nacionalidade, estudarem o hinduísmo, a arte do yoga, meditarem e fazerem amizade com outros peregrinos ou se trancarem em seus quartos evitando contato com o mundo externo em busca de si mesmo. Cito duas referências ocidentais onde vocês podem ver, uma é o filme Comer, Rezar e Amar na parte em que a Julia Roberts vai para a India ela justamente vai para um ashram. E a outra referência é apenas simbólica, é musica “Dear Prudence” dos Beatles composta por John Lennon em Rishikesh em que ele convida Prudence Farrow (irmã da Mia) á sair do quarto e ver o sol brilhando do lado de fora além de seus amigos, pois a mesma só ficava enfurnada em seu quarto meditando.
Enquanto procurávamos paramos em um lugar próximo ao rio onde estava rolando uma cerimonia hindu, entramos eu fiquei lá para trás pois estava ali á titulo de curiosidade, Inci foi lá para frente (o lugar era dividido entre homens e mulheres); enquanto tocavam as musicas de celebração, o povo mais jovem saia dançando igualzinho ao Tony Ramos na novela Caminho das Indias, muito shooooow! E os caras jogavam os ombros, a mulherada também, faziam uma grande roda lá perto do palco e ficavam muito tempo dançando, mas quando acabou a parte musica e o cara começou a falar, a Inci olhou lá da frente para mim e chamei-a para sair.
Do lado de fora, Inci falou “ok, sem ashram, vamos procurar uma guest house barata para a gente ficar???” e eu claro, estava curtindo muito a companhia dela, inclusive agora falando sobre ela dá uma saudade enorme, e ao voltarmos á Pink descobrimos que ao lado ficava a pousada que ela tinha como referência. Ahhhpegamos nossas coisas e nos mandamos para lá, era sim o pior hotel que eu ficaria até esse momento, mas pô que saudades dali.
Dessa vez pegamos quartos separados, e nos instalamos e começamos uma peregrinação para achar meios de transportes para os nossos próximos destinos, perguntei em uma agencia próxima, e o cara falou que havia bus direto para Dharamsala mas eu não comprei porque queria ficar um tempo mais com Inci, ela por sua vez deixou para ver no dia seguinte a sua passagem de volta para Varanasi.
Rodamos por Rishikesh, fomos até as praias do rio onde muitos tomavam banho de sunga, mas quando coloquei o pé na agua já falei sem chance “gelaaaaada mas curtimos estar ali naquele lindo dia de sol, depois paramos em um cara na rua que fez uma tattoo de hena na Inci, estilo aquelas de noivas indianas, muito bonito! Rodamos um pouco mais e descobrimos o que seria um de nossos lugares preferidos em Rishikesh, o Coffe Day; um Café com uma decoração ocidental e poltronas confortáveis, e assim paramos para um rápido café. Perto das 18:00 rumamos para a cerimônia que aconteceria em um ghat em frente ao rio, e chegamos lá... pessoal, sou cristão, creio e muito em Deus, sempre agradeço e proteção nessa viagem; mas o jeito que os caras fazem o ritual deles é de tirar o chapéu por conta da simplicidade. Imagina uma escadaria que desce até o rio onde tem uma estatua de Shiva gigante. Você simplesmente chega e senta no chão ou nos degraus e assiste a cerim��nia, onde há vários instrumentos tocando e várias vozes cantando (lembram do Hare Krishna), então o sol vai se pondo e você está em um vale envolto por montanha verdejantes e água do rio correndo ao seu lado (no meu caso eu estava com os pés dentro d’água sentado na escadaria de mármore). O que quero dizer é que em muitas religiões principalmente no cristianismo há muita gente se perdendo confundindo adoração com sucesso, quantas vezes você vê em uma igreja acabar o culto ou a missa e todo mundo fazer uma roda em torno dos músicos, dos cantores do pastor ou do padre. Isso que achei interessante aqui, por exemplo quando o guru chegou todos respeitosamente se levantaram e ele sentou-se no meio do povo e fez parte da celebração, acabou, ele simplesmente levantou e saiu, assim como os músicos sem espaço para vaidades, para receber cumprimentos ou uma suposta ‘adoração’, foi deu a sua mensagem e saiu com simplicidade. Pois é, isso tudo é uma questão de opinião, mas a minha intenção não é levantar esse tipo de discussão, andiamo con nostro relato!
Já era noite quando acabou a celebração e rumamos ao Coffe Day para mais um café com donuts e conhecemos o Robert, um senhor alemão muito gente boa que ganha vida trazendo carros encomendados da Alemanha para o Oriente Médio, esse cara valia sempre uma boa conversa, falávamos sobre futebol, criquet, Alemanha, Brasil e Turquia, quando havíamos ido a tarde reparamos nesse senhor alemão pois havia nos cumprimentado educadamente, agora mostrava mais ainda ser um cara fantástico.
Ficamos ali um bom tempo e logo rumamos ao hotel, onde ficamos conversando no quarto de Inci e quando bateu o sono rumei para a minha cama.

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