sábado, 28 de abril de 2012

26.04.2012 – Expresso pela India



Despertei 5:30, meia-hora antes do despertador, um banho e pronto tudo guardado na mala. Fiz o check-out e me mandei para a estação. Cheguei cedo por volta das 7:30 e meu trem já aparecia no timetable assim como a plataforma, fui até lá para me assegurar e não é que o trem já estava por lá! Muito bem, o que me deixou mais feliz ainda é que havia uma placa dizendo Varanasi-Haridwar, ou seja, era aquele trem mesmo e eu só desceria na ultima estação... perfeito!
Procurei a classe Sleeper que enfretaria pela primeira vez e havia uma garota ocidental já ocupando um dos assentos, quando me viu ela abriu o sorriso assim como eu, ambos meio que aliviados e nos apresentamos, ela é a Inci, uma professora turca de 29 anos que mora a dois anos em Varanasi onde estuda na Universidade da cidade e que em duas semanas estará voltando para a Turquia e estava curtindo pela primeira vez umas férias de 5 dias em Rishikesh; então apesar de 2 anos morando na India, era apenas a sua 2ª viagem de trem e a primeira de Sleeper também.
Esperamos 1h parados até que as 8:30 o trem partiu e éramos os únicos ocupantes dos assentos, o que nos deixou em paz, o bate-papo foi animado, e falamos sobre as tradições e curiosidades de India, Turquia e Brasil; falamos bastante sobre namoro, sobre o jeito de ser de cada povo.
Umas 3h depois, finalmente alguém se sentou com a gente, ok! Porém umas 3h mais tarde, aí entrou uma muvuca doida e o pessoal foi se sentando aos montes, a Inci ficou incomodadíssima; até que quando chegou uma famíliae sentou em cinco no seu banco, a turca levantou sem ar e falou que tentaria trocar de vagão, para não deixa-la sozinha nessa situação fui junto. Ok, o condutor do vagão falou que impossível estavam todas as boas classes (1ª, AC2 e AC3 todas ocupadas), sendo assim optamos ficar dividindo um banquinho ao lado da porta aberta do trem e assim ficamos por mais umas 3h e isso até que a água acabou... aí foi tenso, embora estivesse fervendo matava a sede... e agora a garganta secava, um calor abafado , os lábios muito secos e a cada estaçãoque o trem parava não havia nada, nenhuma banquinha sequer de qualquer liquido.
Calculamos que em mais 2h chegaríamos em uma grande estação mas estávamos enganados, a estação chegou antes... ufa! Espero não ter abusado tanto de Inci porque como o seu inglês era perfeito e sabia muitas palavras em hindi eu preferia que ela tomasse a frente em qualquer negociação, sendo assim ela saiu e foi comprar agua pra gente, voltou com 6 garrafas e suco para a gente... ufaaaaa de novo!
O trem ficou parado meia-hora na estação, teve uma hora que entrou um sadhu e começou a querer desenhar na minha perna e levantouo pano para mostrar o saco para a Inci quando não demos dinheiro, e quando aquele pedaço do trem começou a ficar lotado de gente sentada em latas de leite decidimos voltar aos nossos lugares... só pensando Sleeper nunca mais!
Voltamos e toda a muvuca que havia ocupado nossos assentos havia mudado mas continuava lá, o engraçado é que todos os pedaços do vagão, o nosso era o mais cheio... sempre! E assim sentamos e logo liberaram a janela para nós e Inci pode tomar ar. Peguei o meu celular, tasquei a minha seleção para a India e fomos ouvindo em silencio enquanto o Sol se escondia... ficamos assim por 1h até a bateria que estava no fim acabar.
Depois de anoitecer, decidimos ler e a turca tinha a cama lá no alto, foi ler e dormir e eu... bem na minha “cama” tinha dois indianos sentados além de mim... bah! Umas 21:00 falei que queria dormir e um deles me pediu 5 minutos porque eles iriam comer... bah de novo, esse 5 minutos foram intermináveis 1h e meia. Onde todos eles comeram juntos, eram amigos indo acho que passear pros lados de Haridwar, eram gente boa mas essas coisas da cultura deles é bem difícil encarar hehehe.
Depois da demorada refeição, conseguimos montar a cama e abraçado dormi em minha mala, me levantando aos pulos sempre que passava um trem em outra direção.

Um comentário:

rodrigo mendes campos disse...

é um sonho, um livro, uma outra vida. Vivenciar uma outra vida. Penso, nós podemos ser o que quisermos, pelo menos por um dia, por um mês. Viajar é a melhor coisa da vida. Meu amigo, você não faz ideia de como eu queria estar ai. Não, nunca mais.