quinta-feira, 19 de abril de 2012

17.04.2012 – Deserto de Thar

Acordei umas 6 e tomei uma ducha, me arrumei e logo estava pronto para encarar o deserto. Subi na recepção e enquanto aguardava o Yoogi (um dos donos do hotel) tomei um copo gigante de café preto.

Yoogi chegou e me levou de moto aos portões do forte onde encontrei com os demais membros da expedição, e assim conheci o casal inglês Tom e Anne Elise, que estavam á 3 meses rodando pela India pela qual Anne era apaixonada; e conheci a dupla sueca Oscar e Oliver que estavam viajando desde o Vietnam, no começo timidamente me apresentei e falei que meu inglês era ‘more or less’ e eles responderam que não havia problema.

Aguardamos uns 10 minutos e um jipe chegou e nos pegou e depois de uns 50km de estrada nos deixou onde havia um grupo de camelos sentados na areia.

Ahhh os camelos, ficamos bobos olhando os camelos, eu encarei um grande camelo branco e ele ficou me olhando também, torcia para aquele ser o meu... acho que torcia por mim também enquanto ruminava a água que ele regorgitava kkkk!

Um dos camelos fazia um escândalo aterrador quando os homens do deserto tentavam pô-lo no chão, ele urrava, batia as patas e urrava mais alto ainda, ficamos paralisados vendo a cena. Depois de dominado houve a distribuição dos camelos e adivinha quem veio para mim??? Não, não foi o Camelo Gritante e sim o Grande Camelo Branco! Eu podia ver o sorriso em seu rosto quando me aproximei. E logo estava em cima dele! Puuuutz, é muito alto em cima de um camelo, show de bola.

E o Oscar vai para... o Camelo Gritante... literalmente! (Entendeste a piada?). Pois é, o meu amigo sueco, foi para o aterrador camelo e logo no começo demonstrou que seria problema, tanto que ao descermos em uma vila próxima, o bicho teve problema em descer e ao ter de montar de novo, Oscar se recusou e assim tiveram de trocar o camelo dele por outro que só estava sendo usado para carga.

O bom de não estar sozinho, é que tudo é dividido ... por exemplo, chegamos em uma vila e as crianças correram em nossa direção, e teve um pouco pra cada um, a preferida das meninas era Anne Elise, e ela pacientemente dava atenção, conversava e ficava rodeada por dezenas de meninas. O Oscar se atreveu a jogar criquet com um garoto até que bola caiu em alguma casa de onde saiu um indiano enfesado hehehe.

Passamos cumprimentando as pessoas e percebi mulheres de véus acenando e me chamando para tomar chai em suas casas, e eu com sorriso agradecia e fazia que não. E assim montamos novamente os camelos e seguimos rumo á vastidão, engraçado era ver o Uncle Boss (como apelidamos o lider e dono dos camelos) mandando o seu cachorro voltar para casa e ele não obedeceu e ficou conosco a viagem toda.

O deserto nesta parte não eram dunas do modo que estamos acostumados á imaginar, eram areias secas com moitas e plantas espinhosas. E desse modo logo entramos em uma área de areia branca e fina e onde haviam umas 4 grandes arvores (destas típicas de deserto, cheia de ganhos e espinhos) e como eram umas 10 e meia paramos para ficar por ali algumas horas. Estenderam edredons sobre a areia na sombra da arvores e ali ficamos conversando e bebendo chai até o almoço ficar pronto... hmmmmm pão sírio com legumes no prato! Vc pega o pão sírio e coloca os legumes dentro e vai comendo. Hehehe Bacana.

Depois do almoço, deu o pico do calor, na casa dos 50°C. Mudei a posição do meu edredon (o Sol já estava me alcançando), bebi a minha água que agora parecia água do radiador, ainda brinquei sobre uma Coca geladíssima e um dos homens do deserto me respondeu “afternoon e tirei um cochilo assim como todo o resto do pessoal fazia.

Depois por volta das 16:00 foi se arrumar, preparar os camelos, montar e seguir viagem. Vale comentar que a cada dessas grandes paradas, toda montaria do camelo era desfeita, soltavam os animais mas amarravam cordas entre as pernas da frente e de trás para que não permitissem que os camelos corressem para muito longe e sempre havia o show do Camelo Gritante quando iam botar a sela nele hehhe, tadinho mas os urros eram aterradores.

E seguimos viagem com o sol cada vez mais baixo, fomos seguindo em silencio, todos em estado contemplativo, talvez examinando-se, buscando algo em dentro de si... ou não, ás vezes alguém podia tá pensando “pô, será que desliguei o gás...” ou “hããã, o cocô do camelo é marrom também dããã” ué... pode ser, deserto não é só filosofia! Kkkk

Depois das 18:00 finalmente entramos nas dunas, caminhando pela macia areia fofa, a minha bunda quadrada agradeceu imensamente, estava doendo o musculo da virilha pra caramba tanto que eu cruzava as pernas e ia no estilo arábico (muito mais confortável hehhe).

E logo chegamos ao local onde desembarcamos, fizemos um rateio para comprar refri gelado e água gelada e corremos para as dunas para sentar e descansar e bater muitas fotos enquanto acontecia o por-do-sol nesse meio tempo, o Uncle Boss pegou o Grande Camelo Branco e foi com ele entre as dunas buscar as encomendas, obviamente eu e Oscar corremos para garantir ótimas fotos hehehe.

Voltamos ao alto da duna e nos sentamos até escurecer , depois estendemos edredons e ficamos conversando ali no escuro enquanto os outros dois homens do deserto preparavam a nossa janta em uma fogueira escondida do vento, nessa hora eu já estava sem camisa apenas curtindo o frescor da noite.

Depois de algumas horas de escuridão, o Uncle Boss voltou e trouxe uma Sukita (Mirinda aqui)de 1L estupidamente gelada pra cada, ahhhh o prazer de se beber isso depois do dia todo com água de radiador... 1L se foi em 5 minutos, um prazer inenarrável e assim jantamos arroz com um negocio vegetariano apimentado que esqueci o nome e pão. Abri mão do negócio apimentado e comi só o arroz e pão!

Depois de alimentado e com a sede aplacada, veio o um dos rapazes do deserto e disse que prepararia a nossa cama agora, eu pensei “aaaaah bom, acho que terão tendas... naaaada, estendeu um edredon na areia e deu outro para se cobrir e foi chamando um por um kkkk simples assim, você deitado na areia tendo as estrelas como o seu teto, e que céu estrelado... vi desde planetas á satélites e quando pintou uma estrela cadente... fiz um pedido.

E assim o sono veio, tive apenas o cuidado de colocar o fone de ouvido e amarrar a minha turba em volta de ouvido e boca para evitar insetos ou areia nestes lugares e dormi otimamente.

Um comentário:

Anônimo disse...

encantador, um sonho, estou viajando com você.