Despertei lá pelas 7, continuei com o livro
e quando faltava 1h comecei a me preparar e meu Deus... como eu sou ansioso.
Esse é um dos meus defeitos ou qualidades (sei lá, depende do ponto de vista),
sou daqueles que quando vai descer de um ônibus cheio, dois pontos antes já
começa a se acomodar em um lugar que fique fácil descer sem atrapalhar os
demais. Então desde ás 8:30 começou a duvida... será que ele vai parar no
horário certo? Será que não já passou? E comecei a ficar agoniado (lembrando
que o trem continua, eu iria descer em uma das suas paradas), perguntei para o
pessoal mas nenhum falava inglês (ok, nem eu...), mas um senhor austero que
estava sentado com sua senhora falou em inglês para não se preocupar que
faltavam 40 minutos, só que aí me deixou mais ansioso porque dali quarenta
minutos seriam 9:40 e no meu bilhete estava marcado 10:20... po, mas decidi não
encher o saco, só fiquei atento.
Toda vez que o trem diminuía a velocidade
eu pedia á Deus para ele não parar para não me confundir em nada hehehe (essa
ansiedade toda era porque era o primeiro trem na India em que eu não desceria
em uma grande estação e se ver o nome de uma grande estação já é difícil
bagaray imagina uma menor)... mas o trem parou... mas no meio do caminho em
nenhuma do estação. Assim comecei a ficar em paz porque percebi que era meio
para fazer hora e dessa fora, ás 10:20 em ponto estava entrando em uma estação
e o senhor austero fez que sim com cabeça dizendo o nome da estação “Munghal
Sarai”, feliz da vida desci, obrigado Senhor!
Pois é, desci e agora, parei um minuto para
a muvuca passar, e nisso dois europeus me viram e acenaram com a cabeça,
mudando a direção e vindo até mim, perguntando se eu sabia o que fazer... eramHincham
e Toby! Disse que não, mas vamos lá, e caminhamos juntos até achar os tuk-tuks
e cara que alegria é ter companhia, tudo fica mais simples. Na hora de negociar
o tuk-tuk, ficamos de ir os 3 juntos e fechamos um bom negocio, pois esta
estação era distante de Varanasi e lá fomos nós.
No caminho fomos conversando, ambos são da
Bavaria, próximo á Munique, e estavam no exatamente no mesmo espirito que eu,
então a associação foi a primeira vista. Enquanto conversávamos, o motorista ia
cortando e tirando finíssimas de caminhões e vacas pelo caminho e isso tudo em
altissíma velocidade!Nos divertíamoshehehe como já falei antes, os pilotos aqui
são muito loucos!!! E tive pela primeira vez a visão do famoso rio Ganghes e
ainda passamos por cima dele na ponte mais arcaica que vi na vida, percorremos
os seus quase 800m sobre tabuas soltas e placas de aço sobre as tabuas em uma
velocidade absurda.
Descemos nos limites do centro antigo onde
o motorista pediu perdão mas não tinha autorização para trafegar por ali,
descemos e para a minha surpresa os dois decidiram me acompanhar até o meu
hotel (lembrando que já estava pago e tinha de ir para lá), depois de uma
caminhada de 20 minutos com calor forte e ajudada por um senhor chegamos ao meu
hotel, mas era muito caro para o que eles estavam procurando, eles iriam
esperar para eu ir com eles mas como o check-in estava com cara que demoraria,
decidimos marcar de se encontrar dali 2h ás 14:00 na porta do hotel.
E assim com o meu check-in, estava feliz
pra caramba, pô muda o espirito da gente ter pessoas na mesma ‘pegada’ que você
ao seu lado. Subi ao meu quarto (bacaníssimo, mas tudo ok somente com um
problema... não tem internet de nenhum jeito... bah), tomei uma ducha bem
tomada, escrevi um pouco no texto que vai para o blog e desci para esperá-los.
Deu 14:10... e nada, 14:20 e nada, 14:30 e
nada... putz... ferrou... mas 14:40 chegaram, pedindo para eu nem sair, para
eles descansarem um pouco no ar condicionado, o principal problema deles era o
calor demasiado, para mim em Varanasi estava absurdamente mais quente que os
outros lugares que passei (exceto o deserto) mas estava na mesma pegada do
tempo que estava em São Paulo quando embarquei para cá, então quanto ao calor,
sem problemas!
Depois de uns 15 minutos, fomos andando até
os Ghatse em mais 15 minutos estávamos lá. Agora, um pouco sobre Varanasi:
Aqui é simplesmente umas das 2 cidades mais
antigas do mundo, ela existe entre 5 e 6 mil anos, e já foi chamada de Benares.
Hoje, ela é um dos locais mais sagrados do hinduísmo, igual Meca para o
muçulmano, todo hindu precisa visitar Varanasi pelo menos uma vez na vida. O
seus ghats, são as famosas escadarias que adentram o Ganghes e que o hindu usa
para banhar-se no rio. Em outros ghats são onde ocorrem as cerimonias
funerárias e os corpos são cremados para libertar corretamente o espirito
depositando os restos mortais no rio; morrer e ser cremado no rio é uma dádiva,
é o ponto mais importante que pode ocorrer na existência de um hindu, e que ele
possa vir ‘abençoado’ em sua próxima reencarnação. Pois é... aqui é aula de
religião também kkkk.
Andamos pelos ghats e viramos atração para
fotos com um grupo de jovens indianos, os alemão se divertiam com isso. Logo
depois decidimos procurar um canto para comer, e putz nas vielinhas próximas
aos Ghatsnos perdemos legal e acabamos indo parar em um ponto bem distante do centro.
Retomamos a caminhada de volta pelas movimentadas ruas da cidade, e depois de
quase 1h no total caminhando achamos um restaurante bacana. Escolhi um prato
que teria um pouco de cada coisa da culinária indiana para comer e descobri que
eu não gostava de quase tudo... ahhhh essa pimenta, ela que ferra com tudo!
Você não sente o sabor, só a boca queimando e muito, até a Mirinda parecia
estar apimentada por aqui kkk. Mas vi que gosto de pão, arroz e um trocinho
amarelinho bacana hehehe, o restante deixei pela metade.
Depois do almoço fomos ao hotel dos
germânicos (que por coincidência era o que eu tinha de referencia) e cara, que
inveja... apesar do meu quarto e serviços serem tops, a localização e o
ambiente são sensacionais. Imagina, de frente para o rio e de onde se pode ver
os ghats mais famosos, ficamos ali tomando Mirinda e batendo papo, inclusive
com um casal australiano que juntou-se a nós. Vimos o por-do-sol dali, bacana!
E vimos a festa começar em um dos ghats.
Mais tarde após escurecer totalmente
decidimos caminhar por entre os ghats, seguindo a direção apontada pelo
australiano para vermos as piras funerárias.Passamos por uma bonita cerimonia
religiosa e coreografada com fogo assim fomos chegando próximos, guardamos as
câmeras (não se pode fotografar por aqui) e logo estávamos sentindo o clima
pesado daquele pedaço do rio... é muito pesado. É um pedaço sem iluminação onde
se viam 4 fogueiras acesas iluminando os feixes de lenha ao redor e as sujas
escadarias.
Nessa hora, um cara saído diretamente do
WalkingDead começou a contar a história para a gente e Toby olhava atentamente
a explicação do homem, eu e o Himcham já estávamos ficando desconfortáveis com
toda aquela situação e ficamos olhando para o lado e procurando ver a
cerimonia, depois de quase 20 minutos o nosso estranho guia continuava falando
quando olhamos um para a cara do outro e decidimos sair dali, estava pesado
demais.
Viramos as costas e fomos andando, ah não é
que o zumbi foi bem vivo na hora de pedir o dinheiro pelos seus serviços,
aquilo irritou profundamente ao Richmond que ficou puto da vida resmungando em
alemão (me pedindo perdão, mas ele precisava falar em alemão), a irritação é
porque em um lugar onde se considera sagrado e ontem tem um dos rituais hindus
mais importantes, têm um cara que quer ganhar grana ás suas custas. Nem precisa
dizer que o cara saiu atrás desejando um mau carma para a gente, especialmente
para Toby, na hora pedi para Deus nos livrar de todas essas palavra. Tenso!
E assim caminhamos na outra direção do hotel,
onde havia acabado a poucos minutos a festa que havíamos visto do terraço do
hotel, mas fomos lá conferir, e um senhor muito simpático veio falar conosco e
levou uma diretaça do Himcham (verbalmente hein), perguntando qual era o
negocio dele e para que pediria dinheiro, o homem sem perder o humor, disse que
não queria nada só bater papo e depois de alguns minutos era isso mesmo kkkk o
cara era gente boa mesmo! O alemão se desmanchou em desculpas, mas o cara sem
escapar o sorriso falou sem problemas, e o cara merecia até mais atenção, mas
como já estava preocupado que eu teria de voltar sozinho ao meu hotel tive de
interromper a conversa.
Voltamos ao hotel dos meninos e após uma
explicação do recepcionista, me enveredei pelas ruelas escuras mas movimentadas
de Varanasi até chegar á rua principal, aí era um mar de gente que não acabava
mais kkkk. Fui á passos largos mas tranquilo e depois de uma boa caminhada
cheguei no meu hotel são e salvo e sem perder tempo subi ao meu quarto, tomei
uma outra ducha e lavei os pés com vontade porque nessa tarde havia formado
crostas de sujeira, e depois atualizar o texto do blog, ler meu livro e
dormir...