sábado, 28 de abril de 2012

26.04.2012 – Expresso pela India



Despertei 5:30, meia-hora antes do despertador, um banho e pronto tudo guardado na mala. Fiz o check-out e me mandei para a estação. Cheguei cedo por volta das 7:30 e meu trem já aparecia no timetable assim como a plataforma, fui até lá para me assegurar e não é que o trem já estava por lá! Muito bem, o que me deixou mais feliz ainda é que havia uma placa dizendo Varanasi-Haridwar, ou seja, era aquele trem mesmo e eu só desceria na ultima estação... perfeito!
Procurei a classe Sleeper que enfretaria pela primeira vez e havia uma garota ocidental já ocupando um dos assentos, quando me viu ela abriu o sorriso assim como eu, ambos meio que aliviados e nos apresentamos, ela é a Inci, uma professora turca de 29 anos que mora a dois anos em Varanasi onde estuda na Universidade da cidade e que em duas semanas estará voltando para a Turquia e estava curtindo pela primeira vez umas férias de 5 dias em Rishikesh; então apesar de 2 anos morando na India, era apenas a sua 2ª viagem de trem e a primeira de Sleeper também.
Esperamos 1h parados até que as 8:30 o trem partiu e éramos os únicos ocupantes dos assentos, o que nos deixou em paz, o bate-papo foi animado, e falamos sobre as tradições e curiosidades de India, Turquia e Brasil; falamos bastante sobre namoro, sobre o jeito de ser de cada povo.
Umas 3h depois, finalmente alguém se sentou com a gente, ok! Porém umas 3h mais tarde, aí entrou uma muvuca doida e o pessoal foi se sentando aos montes, a Inci ficou incomodadíssima; até que quando chegou uma famíliae sentou em cinco no seu banco, a turca levantou sem ar e falou que tentaria trocar de vagão, para não deixa-la sozinha nessa situação fui junto. Ok, o condutor do vagão falou que impossível estavam todas as boas classes (1ª, AC2 e AC3 todas ocupadas), sendo assim optamos ficar dividindo um banquinho ao lado da porta aberta do trem e assim ficamos por mais umas 3h e isso até que a água acabou... aí foi tenso, embora estivesse fervendo matava a sede... e agora a garganta secava, um calor abafado , os lábios muito secos e a cada estaçãoque o trem parava não havia nada, nenhuma banquinha sequer de qualquer liquido.
Calculamos que em mais 2h chegaríamos em uma grande estação mas estávamos enganados, a estação chegou antes... ufa! Espero não ter abusado tanto de Inci porque como o seu inglês era perfeito e sabia muitas palavras em hindi eu preferia que ela tomasse a frente em qualquer negociação, sendo assim ela saiu e foi comprar agua pra gente, voltou com 6 garrafas e suco para a gente... ufaaaaa de novo!
O trem ficou parado meia-hora na estação, teve uma hora que entrou um sadhu e começou a querer desenhar na minha perna e levantouo pano para mostrar o saco para a Inci quando não demos dinheiro, e quando aquele pedaço do trem começou a ficar lotado de gente sentada em latas de leite decidimos voltar aos nossos lugares... só pensando Sleeper nunca mais!
Voltamos e toda a muvuca que havia ocupado nossos assentos havia mudado mas continuava lá, o engraçado é que todos os pedaços do vagão, o nosso era o mais cheio... sempre! E assim sentamos e logo liberaram a janela para nós e Inci pode tomar ar. Peguei o meu celular, tasquei a minha seleção para a India e fomos ouvindo em silencio enquanto o Sol se escondia... ficamos assim por 1h até a bateria que estava no fim acabar.
Depois de anoitecer, decidimos ler e a turca tinha a cama lá no alto, foi ler e dormir e eu... bem na minha “cama” tinha dois indianos sentados além de mim... bah! Umas 21:00 falei que queria dormir e um deles me pediu 5 minutos porque eles iriam comer... bah de novo, esse 5 minutos foram intermináveis 1h e meia. Onde todos eles comeram juntos, eram amigos indo acho que passear pros lados de Haridwar, eram gente boa mas essas coisas da cultura deles é bem difícil encarar hehehe.
Depois da demorada refeição, conseguimos montar a cama e abraçado dormi em minha mala, me levantando aos pulos sempre que passava um trem em outra direção.

25.04.2012 – Varanasi


Acordei muito bem depois de uma noite muito bem dormida, tomei uma ducha e o meu café e parti rumo ao hotel dos alemães, uma ótima caminhada até lá com a rua bem tranquila pela rua principal e quando entrei nas vielas logo estava perdido, putz, é a Veneza indiana kkkk desvia das vacas e vai para lá e “não, não é” desvia das vacas e vai para cá e “é, talvez seja”, mas o meu senso de direção não me abandonou e fui indo até que achei um ponto que reconheci da noite anterior e logo estava na viela do hotel!
Já na entrada no restaurante estavam lá os alemãesconversando com o casal australiano, e sentei para tomar uma Mirinda e bater papo, vi dois espanhóis que havia dado um “hola” no dia anterior e rapidamente eles estavam junto ao grupo. Enrolamos um bom tempo no hotel, porque o calor estava terrível para os alemães e realmente em Varanasi com exceção do deserto foi a temperatura mais pesada que peguei. Enrolamos mesmo depois que o casal australianos despediu-se e os espanhóis tiveram a idéia de tomarmos lassi (um tipo de iogurte gelado tipicamente indiano) e la fomos nós.
No caminho pelas ruelas, os europeus adoravam bater papo com as crianças e se divertiam com elas, eu por minha vez e sei lá porque me ausentei nesses momentos, engraçado que eu me lembrava do Victor, Chimyn, Jesse, Canjo e Geronimo na Bolivia quando fazíamos as mesmas coisas e agora eu não estava no clima de interagir com o povo. Continuamos pelo emaranhado de ruas e entramos em um pobre estabelecimentochamado Blue Lassi onde descobri ser o melhor lassi de Varanasi. Quase todos pedimos o de manga obviamente estando na India... enquanto aguardávamos reparei em um camundongo escalando os fios do estabelecimento no teto... ‘que beleeeeeeza’ eu pensei!
Mas quando veio o lassi... poooo que delicia! Imagina um iogurte com pedaços de manga bem gelado, nos fartamos por ali! Na sequencia andamos mais um bocado e os alemães gostariam de ver a GermanBakery que muitas placas indicavam e fomos atrás.
Como já era hora do almoço decidimos comer por ali mesmo e o engraçado que a padaria alemã era administrado por uma família nepalesa hehehe, o ambiente era muito no padrão índia mas agradável e havia muitas garotas europeias com as quais eu e Hincham nos divertíamos cantando “ai, se eu te pego!”, ficamos umas 3h dentro da GermanBakery dando muita risada, e o engraçado era que eu pedia para aos espanhóis em espanhol para me ajudar no inglês e os alemães não aceitavam e falavam para eu mesmo tentar em inglês.
Como revigora o espirito esse tipo de encontro, quando todos têm uma mentalidade semelhante e caminham em uma direção semelhante mesmo sendo de países tão distintos, foi um dos pontos altos dessa viagem certamente.
Depois como logo o Sol nos abandonaria, marchamos para o hotel deles onde os espanhóis ficaram e partimos os 3 pela saída do rio onde encontramos o Baboo e alugamos os seus serviços para navegar o Ganghes. Logo estávamos dentro do bote com o Baboo remando e nos contando a história do rio e de seus ghats e palácios. Taí um cara bacana, o Baboo; ouvíamos com atenção os seus casos e entre fotos e filmagens fazíamos perguntas dos assuntos mais variados, por exemplo, ele tinha três filhos dentre os quais eram 2 mulheres e o problema que a mais velha tinha 17 anos e já no próximo ano poderia se casar, porém segundo o Baboo ocorrem duas festas uma feita pela família do noivo e outra da noiva e gasta-se por volta de 2 milhões de rúpias nessa festa para se ter idéia pagamos cada um 100 rupias pelo passeio e uma Coca Cola custa 20 rupias por aqui.
Ok, continuamos a navegar enquanto anoitecia no Ganghes, até que chegamos na altura da cerimonia hindu que estava acontecendo no ghat ao lado hotel, assim pedimos para o Baboo não avançar mais e ficamos ali vendo a cerimonia de dentro do rio enquanto os fogos circulavam pelo ar conduzido pelos monges hindus, tiramos algumas fotos e logo voltamos a frente do hotel, pagamos ao Baboo tiramos umas fotos com ele e subimos ao hotel.
Ainda usei a internet, e como já daria 21:00 decidi voltar ao hotel pois ainda tinha uma boa caminhada até lá. Me despedir foi difícil, mas procurei ser pratico como os europeus e sem abraços fui dizendo adeus a um por um espanhóis, australianos (que estavam lá quando voltamos) e especialmente ao Toby e ao Hincham... quanta dificuldade kkkk mas faz parte! Como trocamos Facebook talvez nos reencontremos em Delhi.
E assim parti na caminhada noturna rumo ao meu hotel, dessa vez achei um atalho entre as vielas e cheguei rapidamente na rua principal onde a muvuca estava lá indo e vindo, mas um ambiente confuso e bacana! Á passos largos cheguei rapidamente e corri para lavar os pés (aposentei meu tênis, só chinelo e o pé como eu já disse fica uma fuligem só) e já tomei uma ducha, me preparei e peguei no sono porque no dia seguinte tinha um trem cedo.

24.04.2012 – Varanasi


Despertei lá pelas 7, continuei com o livro e quando faltava 1h comecei a me preparar e meu Deus... como eu sou ansioso. Esse é um dos meus defeitos ou qualidades (sei lá, depende do ponto de vista), sou daqueles que quando vai descer de um ônibus cheio, dois pontos antes já começa a se acomodar em um lugar que fique fácil descer sem atrapalhar os demais. Então desde ás 8:30 começou a duvida... será que ele vai parar no horário certo? Será que não já passou? E comecei a ficar agoniado (lembrando que o trem continua, eu iria descer em uma das suas paradas), perguntei para o pessoal mas nenhum falava inglês (ok, nem eu...), mas um senhor austero que estava sentado com sua senhora falou em inglês para não se preocupar que faltavam 40 minutos, só que aí me deixou mais ansioso porque dali quarenta minutos seriam 9:40 e no meu bilhete estava marcado 10:20... po, mas decidi não encher o saco, só fiquei atento.
Toda vez que o trem diminuía a velocidade eu pedia á Deus para ele não parar para não me confundir em nada hehehe (essa ansiedade toda era porque era o primeiro trem na India em que eu não desceria em uma grande estação e se ver o nome de uma grande estação já é difícil bagaray imagina uma menor)... mas o trem parou... mas no meio do caminho em nenhuma do estação. Assim comecei a ficar em paz porque percebi que era meio para fazer hora e dessa fora, ás 10:20 em ponto estava entrando em uma estação e o senhor austero fez que sim com cabeça dizendo o nome da estação “Munghal Sarai”, feliz da vida desci, obrigado Senhor!
Pois é, desci e agora, parei um minuto para a muvuca passar, e nisso dois europeus me viram e acenaram com a cabeça, mudando a direção e vindo até mim, perguntando se eu sabia o que fazer... eramHincham e Toby! Disse que não, mas vamos lá, e caminhamos juntos até achar os tuk-tuks e cara que alegria é ter companhia, tudo fica mais simples. Na hora de negociar o tuk-tuk, ficamos de ir os 3 juntos e fechamos um bom negocio, pois esta estação era distante de Varanasi e lá fomos nós.
No caminho fomos conversando, ambos são da Bavaria, próximo á Munique, e estavam no exatamente no mesmo espirito que eu, então a associação foi a primeira vista. Enquanto conversávamos, o motorista ia cortando e tirando finíssimas de caminhões e vacas pelo caminho e isso tudo em altissíma velocidade!Nos divertíamoshehehe como já falei antes, os pilotos aqui são muito loucos!!! E tive pela primeira vez a visão do famoso rio Ganghes e ainda passamos por cima dele na ponte mais arcaica que vi na vida, percorremos os seus quase 800m sobre tabuas soltas e placas de aço sobre as tabuas em uma velocidade absurda.
Descemos nos limites do centro antigo onde o motorista pediu perdão mas não tinha autorização para trafegar por ali, descemos e para a minha surpresa os dois decidiram me acompanhar até o meu hotel (lembrando que já estava pago e tinha de ir para lá), depois de uma caminhada de 20 minutos com calor forte e ajudada por um senhor chegamos ao meu hotel, mas era muito caro para o que eles estavam procurando, eles iriam esperar para eu ir com eles mas como o check-in estava com cara que demoraria, decidimos marcar de se encontrar dali 2h ás 14:00 na porta do hotel.
E assim com o meu check-in, estava feliz pra caramba, pô muda o espirito da gente ter pessoas na mesma ‘pegada’ que você ao seu lado. Subi ao meu quarto (bacaníssimo, mas tudo ok somente com um problema... não tem internet de nenhum jeito... bah), tomei uma ducha bem tomada, escrevi um pouco no texto que vai para o blog e desci para esperá-los.
Deu 14:10... e nada, 14:20 e nada, 14:30 e nada... putz... ferrou... mas 14:40 chegaram, pedindo para eu nem sair, para eles descansarem um pouco no ar condicionado, o principal problema deles era o calor demasiado, para mim em Varanasi estava absurdamente mais quente que os outros lugares que passei (exceto o deserto) mas estava na mesma pegada do tempo que estava em São Paulo quando embarquei para cá, então quanto ao calor, sem problemas!
Depois de uns 15 minutos, fomos andando até os Ghatse em mais 15 minutos estávamos lá. Agora, um pouco sobre Varanasi:
Aqui é simplesmente umas das 2 cidades mais antigas do mundo, ela existe entre 5 e 6 mil anos, e já foi chamada de Benares. Hoje, ela é um dos locais mais sagrados do hinduísmo, igual Meca para o muçulmano, todo hindu precisa visitar Varanasi pelo menos uma vez na vida. O seus ghats, são as famosas escadarias que adentram o Ganghes e que o hindu usa para banhar-se no rio. Em outros ghats são onde ocorrem as cerimonias funerárias e os corpos são cremados para libertar corretamente o espirito depositando os restos mortais no rio; morrer e ser cremado no rio é uma dádiva, é o ponto mais importante que pode ocorrer na existência de um hindu, e que ele possa vir ‘abençoado’ em sua próxima reencarnação. Pois é... aqui é aula de religião também kkkk.
Andamos pelos ghats e viramos atração para fotos com um grupo de jovens indianos, os alemão se divertiam com isso. Logo depois decidimos procurar um canto para comer, e putz nas vielinhas próximas aos Ghatsnos perdemos legal e acabamos indo parar em um ponto bem distante do centro. Retomamos a caminhada de volta pelas movimentadas ruas da cidade, e depois de quase 1h no total caminhando achamos um restaurante bacana. Escolhi um prato que teria um pouco de cada coisa da culinária indiana para comer e descobri que eu não gostava de quase tudo... ahhhh essa pimenta, ela que ferra com tudo! Você não sente o sabor, só a boca queimando e muito, até a Mirinda parecia estar apimentada por aqui kkk. Mas vi que gosto de pão, arroz e um trocinho amarelinho bacana hehehe, o restante deixei pela metade.
Depois do almoço fomos ao hotel dos germânicos (que por coincidência era o que eu tinha de referencia) e cara, que inveja... apesar do meu quarto e serviços serem tops, a localização e o ambiente são sensacionais. Imagina, de frente para o rio e de onde se pode ver os ghats mais famosos, ficamos ali tomando Mirinda e batendo papo, inclusive com um casal australiano que juntou-se a nós. Vimos o por-do-sol dali, bacana! E vimos a festa começar em um dos ghats.
Mais tarde após escurecer totalmente decidimos caminhar por entre os ghats, seguindo a direção apontada pelo australiano para vermos as piras funerárias.Passamos por uma bonita cerimonia religiosa e coreografada com fogo assim fomos chegando próximos, guardamos as câmeras (não se pode fotografar por aqui) e logo estávamos sentindo o clima pesado daquele pedaço do rio... é muito pesado. É um pedaço sem iluminação onde se viam 4 fogueiras acesas iluminando os feixes de lenha ao redor e as sujas escadarias.
Nessa hora, um cara saído diretamente do WalkingDead começou a contar a história para a gente e Toby olhava atentamente a explicação do homem, eu e o Himcham já estávamos ficando desconfortáveis com toda aquela situação e ficamos olhando para o lado e procurando ver a cerimonia, depois de quase 20 minutos o nosso estranho guia continuava falando quando olhamos um para a cara do outro e decidimos sair dali, estava pesado demais.
Viramos as costas e fomos andando, ah não é que o zumbi foi bem vivo na hora de pedir o dinheiro pelos seus serviços, aquilo irritou profundamente ao Richmond que ficou puto da vida resmungando em alemão (me pedindo perdão, mas ele precisava falar em alemão), a irritação é porque em um lugar onde se considera sagrado e ontem tem um dos rituais hindus mais importantes, têm um cara que quer ganhar grana ás suas custas. Nem precisa dizer que o cara saiu atrás desejando um mau carma para a gente, especialmente para Toby, na hora pedi para Deus nos livrar de todas essas palavra. Tenso!
E assim caminhamos na outra direção do hotel, onde havia acabado a poucos minutos a festa que havíamos visto do terraço do hotel, mas fomos lá conferir, e um senhor muito simpático veio falar conosco e levou uma diretaça do Himcham (verbalmente hein), perguntando qual era o negocio dele e para que pediria dinheiro, o homem sem perder o humor, disse que não queria nada só bater papo e depois de alguns minutos era isso mesmo kkkk o cara era gente boa mesmo! O alemão se desmanchou em desculpas, mas o cara sem escapar o sorriso falou sem problemas, e o cara merecia até mais atenção, mas como já estava preocupado que eu teria de voltar sozinho ao meu hotel tive de interromper a conversa.
Voltamos ao hotel dos meninos e após uma explicação do recepcionista, me enveredei pelas ruelas escuras mas movimentadas de Varanasi até chegar á rua principal, aí era um mar de gente que não acabava mais kkkk. Fui á passos largos mas tranquilo e depois de uma boa caminhada cheguei no meu hotel são e salvo e sem perder tempo subi ao meu quarto, tomei uma outra ducha e lavei os pés com vontade porque nessa tarde havia formado crostas de sujeira, e depois atualizar o texto do blog, ler meu livro e dormir...

23.04.2012 – Delhi


Acordei já sabendo o meu destino, e como Delhi queria ver só no final da viagem, fiquei lendo meu livro no hotel de onde saí só para tomar café da manhã no escritório (esse era o defeito da guesthouse, se tivesse café da manhã com internet estaria perfeito).
A tarde saí e fui ao escritório (deixando com o cara do hotel uma graninha bem a mais do que eu costumo dar de gorjeta, como disse antes bom sujeito) almoçar!
Depois do almoço, enrolei por ali e logo segui ao escritório central para pegar os bilhetes com o Pepe, quando eu os recebi... hmmmmm... li e reli, porque não havia gostado muito das disposições dos horários e em um dos trechos teria que fazer baldeação e esperar em Delhi novamente o que me deixou puto, reclamei horas com o Pepe e ele foi correndo atrás do que podia fazer... tinha trens que eu teria de pegar 6 da manhã, mas depois fui me acalmando e Pepe propôs uma solução satisfatória, caso eu achasse o bus de Rishikeshi direto á Dharamsala e cancelasse os trechos de trem ele me reembolsaria quando voltasse. Lembrei-o de que o seu motorista havia me cobrado um absurdo da viagem até o hotel e ele ligou pro cara falando um monte e me devolveu metade do dinheiro. Assim senti mais confiança.
Ficamos na agencia até umas 20:30 e como já estou de saco cheio dos tuk-tuks e seus golpes, decidi ir de metrô. No metro sem stress como havia pego uma vez sabia bem o que fazer, fui ao guichê e comprei a minha moedinha de plástico com a qual passei no leitor magnético e passei pelo detector de metais e a minha bagagem pelo raio X (fantástico kkk) e como estava na Sé deles, segui as pegadas amarela que sabia que me levaria ao meu metrô.
Por lá parecia a Sé ás 18:00, mas o metrô ficou com a porta aberta um bom tempo e coube a todos sem aperto, na estação seguinte já desci.
Beleza... agora tinha 1 hora e meia para esperar o meu trem e vocês não fazem idéia de que balburdia é em uma grande estação indiana, primeiro é o aperto e as furadas de fila para passar pelo raio X da entrada, dei uma de migué e só passei o mochilão porque naquela confusão tinha medo de colocar o meu bornal por ali e algum esperto pegar e sair correndo... enfim deu certo porque o guarda acho que nem viu, peguei de volta a minha mochila e fiquei rodando a estação por quase 1h porque havia encasquetado em achar o escritório oficial de turismo (que sabia estar fechado) só para ver o bendito e não é que nessa 1h não encontrei-o... pqp se é para ajudar turista é mais fácil colocar no Nepal... talvez seja mais fácil de achar. Desisti, estava sentindo o peso da mochila pela primeira vez nessa viagem e quando o meu trem finalmente apareceu no timetable, segui para a minha plataforma.
Lá a minha diversão foi tentar achar o meu nome na lista, só para desencargo né (vai saber...) e depois de duas boas olhadas e alguns esbarrões na muvuca aglomerada nos painéis, achei-o e á dois passos dali sentei no chão em meio á mil trocentos famílias indianas que ali estavam, um indiano esquisito sentou do meu lado na sequencia e puxou assunto (obvio) mas como não estava muito de papo e ele tbm não falava inglês, só troquei duas palavras e ele se levantou e abordou um outro grupo de indianos, no fim o que ele queria era só papo...
Aqui é difícil distinguir quem só quer amizade (indianos são amistosos, começam a conversar entre eles com quem não conhece como se fosse um amigo de infância, incrível e legal isso), quem quer o seu dinheiro (vem com papo insistentemente e já na sequencia te cobra pelo serviço kkk) e quem quer o seu mal (lembram de Mafia em Jaipur), mas esta ultima é uma exceção.
O trem chegou e procurei o meu vagão naquela minhoca gigante e logo estava no meu compartimento onde troquei o meu assento e subi ao 3º andardotriliche, como sabia que indianos gostam de conversar entre eles sem se deitar, achei mais comodo ficar no meu canto lendo o meu livro, mas claro que bati um papo de leve com dois caras.
De resto li meu livro e lá pelas 23:00 adormeci acordando umas 2 da manhã e depois disso de hora em hora kkkk mas descansei.

22.04.2012 – Delhi


Acordei umas 5 da manhã com a mulherada se arrumando porque logo desceriam na estação seguinte... Jaipur (óianóis aqui traveiz), mas dessa vez todas elas desceram... mas o meu sono foi junto delas e já peguei o livro novamente, algumas horas depois apareceram indianos de outro compartimentos e se sentaram comigo, fechei a cara porque tentava ler enquanto eles conversavam aos berros, mas logo que o trem parou novamente (foram 18 paradas no total) eles saíram para fumar um cigarro e não voltaram, depois foi um tiozinho... nem levantei a cabeça, mas ele berrava no celular ahhhhhhh... uma meia hora depois quando levantei a cabeça para ver quem era, ele já dormia na cama em frente a minha outrora ocupadas pelas moçoilas de India, logo ele caiu fora também.
E assim fui indo até perceber que estávamos chegando, um indiano que dessa vez percebi não me olhar como se eu fosse um ET sentou próximo porque estava preparado para descer e começamos um papo, ele perguntou de onde eu era, e quando disse São Paulo ele me encheu de orgulho dizendo “oh yes São Paulo, and São Paulo Football Teamisverygood” eu confirmei para ver se ele falava do Tricolor mesmo e ele disse que sim, contra o Liverpool no Japão, eu perguntei sobre outros times do Brasil mas ele não conhecia, só mais um que ele não lembrava o nome (não era Flamengo nem Corinthinaskkk) esqueci de mencionar á ele mas acho que era o Santos...
Um adendo aos corintianos, quando converso de futebol com algum europeu por aqui, a pergunta principal é “e o que aconteceu com o Fat Ronaldo”, sinto muito amigos corintianos mas eles não fazem idéia para onde o Ronaldo foi quando voltou ao Brasil kkkkk deve ser difícil não ser um time internacional. Os times que todos sabem do Brasil são São Paulo, Flamengo, Santos e ás vezes Palmeiras e Vasco (que ouvi um sueco citar).
Mas voltando ao trem, logo esse cara desceu, 2 estações antes de mim, ele estava indo ao aeroporto pegar um voo para Lucknow. Meia-hora depois estava finalmente desembarcando em Delhi, só que na OldDelhi... e o Touristic Bureau era na estação New Delhi, sem problemas... a sino-canadense de Jaisalmer havia me dado a dica para pegar o metrô e segui á risca no caminho ainda encontrei outros ocidentais com cara de perdido como a minha e juntei-me á eles.
Tive uma boa impressão de Delhi, diferente do que tive em Mumbai, tudo certinho por aqui, com um padrão que estamos acostumados á ver, o metrô é no estilo da linha amarela de São Paulo, moderno. Só as fichinhas de plástico para a catraca que são um barato e também o raioX que é sensacional... imagina na estação São Bento, 18:00 de uma terça-feira em SP e todo mundo que fosse passar a catraca tendo de que passar as suas mochilas e pastas em um Raio X kkkkk teria uma revolução em Sampa!
Junto com os gringos peguei o metrô e desembarcamos duas estações depois e logo saímos na New DelhiStation... onde nos separamos, cada qual para o seu canto.
E aqui acho que caí em um golpe, depois de nos separarmos, passei pela muvuca do raio X da entrada da estação e um cara que me ajudou enquanto eu passava me perguntou onde eu estava indo, falei que no escritório turístico. Ele falou que estava fechado e perguntou se eu tinha um mapa, mostrei o meu gui e ele apontou outro lugar (que constava sim no meu guia como escritório de turismo do governo) e chamou o primeiro taxi para mim... ok, até aí beleza, mas hoje eu penso será que estava fechado mesmo, porque eu não fui ver pqp! Tenho de ficar mais esperto nisso. No taxi mais uma encanação, beleza cara, você entra em um taxi que milagrosamente aguem te ajudou e pediu para te levar onde você precisava... putz, como eu pedi á Deus para estar tudo OK, e graças á Deus o cara me levou ao lugar certo. Mas fica mais uma coisa a se considerar futuramente.
Cheguei ao meu destino, e entrei no escritório onde havia lido GovernmentTouristic na fachada, fui conduzido á uma sala e diferente do que eu esperava o rapaz já foi pesquisando e dizendo que já havia esgotado a cota turística para Varanasi até 1ª de Maio... ah... que beleza, fui montando um roteiro com ele que chegou noos 350 dólares, aí eu comecei a ficar encafifado, era um escritório turístico ou uma agencia de viagens? Aí ele pediu licença e me encaminhou á outro rapaz, o Pepe! E com ele montei um outro roteiro que dessa vez deu USD 220... para 13 dias... pensei, pensei bastante, pedi licença e fui lá fora dar uma olhada na fachada, não vi nada de agencia de turismo, li e reli o lance do governo e as insígnias, entrei novamente e quer saber de uma coisa, fechei negocio, não queria mais esquentar a cabeça com transporte e a partir dali o meu roteiro estava traçado, neste 13 dias vou fazer Varanasi, Rishikesh e Dharamsala, com hotéis para esta noite em Delhi e em Varanasi (para os demais pedi que não incluísse).
E assim, peguei os voucher dos hotéis e segui com um taxi do escritório para o hotel... aí a minha decepção, fica em um bairro afastado, e na casa da irmã do motorista, bem cuidadinha e tem mais 2 outros gringos nos outros quartos, mas pqp é a mesma coisa de se estar em São Paulo de férias na Saúde só que sem o metrô (???) kkkk... até então quero só ver como vai ser! E ficou marcado de amanhã pegar os bilhetes de trem ás 17:00 sendo que o trem para Varanasi parte ás 20:00.
Entrei no meu quarto e para completar não tem WIFI nem internet, mas deitei e relaxei enquanto atualizava este texto aqui que postarei assim que possível.
Mais tarde me convidaram a ir caminhando ao escritório onde poderia usar internet distante umas 3 quadras e assim fui caminhando com o cara do hotel por uma confusão de ruas, mas como citado anteriormente Delhi me parecia aprazível e vi que havia um monte de hotéis na região.
E assim caminhamos até o escritório onde usei a internet recusei a janta e em um mercado próximo comprei Oreo (Negresco) para me sustentar.
Mais tarde Pepe apareceu e batemos um papo e logo voltei ao hotel com o cara (o do hotel) que ficou me esperando, no caminho fomos conversando e ele me contou que era do Nepal e trabalhava 8 anos ali, e levava 3 dias de viagem para ver a família, bom sujeito de uma simplicidade singular! Gostava de falar com ele.
No hotel foi só deitar e dormir.